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 Documento sem título

Arranjo de Themudo Barreto

17 NOVEMBRO 1520
O alvará régio de criações, reza assim:
Este compromisso cremos e mandamos que se cumpram e guardem na Confraria da Misericórdia da Vila de Nisa, assim e tão inteiramente como nele se contém, porque assim havemos por bem, feito em Évora a dezassete de Novembro, André Pires, de mil quinhentos e vinte = EL Rei =.
Regeu-se pelo Compromisso de Lisboa (15.NOV.1506), como todas as Misericórdias da época. O primeiro compromisso perdeu-se, mas, felizmente, foi trasladado para o segundo compromisso elaborado em 9.SET.1657, feito de harmonia com a reforma ordenada por Filipe II em 1618, com as alterações ditadas pelos condicionalismos locais. Vigorou até meados do século XIX, até à extinção das Ordens Religiosas em 1834.
Constituíam a Irmandade cem irmãos, cinquenta nobres e outros tantos de segunda condição… e neste número não entravam clérigos salvo forem os que por sua qualidade e riqueza possam ser Provedores.
Para ser admitido irmão era preciso que fosse limpo de sangue sem alguma raça de mouro ou judeu não somente em sua pessoa, mas também em sua mulher se for casado.
Esta condição só em 1774 foi revogada (Aviso de Sua Majestade de 11 de Março – D. José I).
No Floral de D. Manuel I, o Monarca concedia os maiores privilégios e regalias aos irmãos que serviam na Misericórdia (Mesa):
Sejam o tempo em que assim servirem privilegiados e escusos de todos os cargos e ofícios do concelho… que não sejam tomadas suas casas de morada, adegas, nem estrebarias para nelas pousarem nenhumas pessoas que sejam, salvo por nosso especial mandado… sejam dispensados do tributo a que estavam sujeitos os que não eram fidalgos, escusos da derrama paroquial, bem como de pedidos ou empréstimos que por nós nem pelo concelho sejam lançados por nenhuma guisa que seja… nem lhes tomem roupa da cama para aposentaria nem nenhumas outras coisas do seu, contra suas vontades…

31 JUNHO 1533

Testamento feito por Gonçalo Martins Botto:
Deixo às obras da Misericórdia 1.000 reis e cinco ou 600 reis que lhe tenho prestado deixo pelo Amor de Deus.

SÉC. XVI/XVII
A Igreja, com formoso frontespício toda de cantaria terá sido começada a construir na primeira metade do séc. XVI, como se depreende do testamento citado. Estaria já acabada, exteriormente em fins do séc. XVII. Deve ter sofrido remodelações internas nos princípios do séc. XVIII com o legado de Ana Maria do Espírito Santo. O altar primitivo ainda encontra por detrás do actual. “Junto da Igreja, do lado Sul, está o hospital que consta duma pequena casa de janela e duas lojas onde com muito incómodo se colocavam os doentes e que não tinha outro rendimento mais do que lhe viera da Albergaria de Sant’Ana, que se suprimiu, que era ténue e insignificante …” (Este templo de Sant’Ana foi doado, em 1218, por Pedro Álvares do Alvito, para nele ser fundada uma Albergaria).

1774
De tal modo a benemerência pública a distinguiu que, passado pouco mais de dois séculos e meio, era-lhe negada autorização de aceitar mais bens por ser o mais rico proprietário do concelho (legal de Frei José Pedro Cabral, falecido em 12 Outubro).
(A Misericórdia possuiria, nessa época, mais de trinta prédios urbanos e cerca de duas centenas e meia de prédios rústicos).

1784-1818
Hospital (Legado do capitão Manuel Pais de Morais e sua irmã Ana Maria do Espírito Santo permitiu construir o Hospital concluído em 1818 – belo, espaçoso e magnífico).

1866
Leis de desamortização: as associações e corporações perpétuas (de mão morta) foram obrigadas a vender os bens de raiz em hasta pública, recebendo títulos da dívida pública e certificados de renda perpétua. (22.06.1866 – arte 7º.)

1881
No reinado de D. Luís foi aprovado outro compromisso. Especifica, entre outros requisitos, que os irmãos deverão professar a religião católica, apostólica, romana, ter bom comportamento moral, civil e religioso e saber ler, escrever e contar.

1911
Compromisso com tendências agnósticas.

21 FEVEREIRO 1954
Inicio das obras do novo hospital, para cuja construção e equipamento a população do concelho de Nisa contribuiu com mais de 50%. (Os dois cortejos de oferendas, realizadas em 24.4.1960 e 23.6.1968, renderam 758 contos).  

17 MAIO 1959
São internados os primeiros doentes no novo hospital, inaugurado oficialmente a 24 de Abril do ano seguinte.

30 MARÇO 1976
Integração, na Misericórdia, dos bens da Casa de Nª Senhora da Graça – Fundação Lopes Tavares, então extinta.
A fundação Lopes Tavares, que fora inaugurada a 8 de Dezembro de 1948, ficou a dever-se ao desejo expresso pelo Dr. José Joaquim Lopes Tavares a sua filha D. Palmira Fialho Lobo da Silveira a ao gesto ímpar de seu genro, D. António Lobo da Silveira (Alvito), que se despojou em vida de toda a grande riqueza para benefício dos carenciados do concelho de Nisa.

6 MAIO 1976
O seu magnífico hospital passou a uso e fruição do Estado
É celebrado contrato de arrendamento em 23.04.1980 e recebem-se rendas desde 1981.

26/28 NOVEMBRO 1976
Realização do V Congresso Nacional das Misericórdias Portuguesas para cuja preparação, realização e posterior dinamização das instituições a Misericórdia de Nisa contribuiu de forma notável.

8 DEZEMBRO 1977
Entrada em funcionamento do Centro de Dia para idosos em regime de não internamento.

1980
Novo Compromisso. Aprovado Assembleia Geral de 6 de Julho de 1980, com aprovação Ordinário do Diocese em 5 de Novembro de 1980 e registo no livro das Irmandades da Misericórdia sob o n.º 1/81 em 25 de Março de 1981.
Este compromisso tem a particularidade de acabar com a discriminação de sexos, permitindo a admissão de mulheres como associadas da Irmandade da Misericórdia.

1982
Entrada em funcionamento do Centro Infantil construído pelo Estado.

4 FEVEREIRO 1985
Inicio de prestação de serviços a utentes na sua residência – Serviço de Apoio Domiciliário.
Actualmente estes benefícios são extensivos a algumas freguesias do concelho.

1985-1994
Realização de um grandioso plano de obras de beneficiação da Casa Lopes Tavares:
Alargamento do refeitório, modernização da cozinha, cobertura da varanda, transformação da camarata dos idosos em pequenos quartos, construção de quatros para casais, ampla e funcional lavandaria, sistema de aquecimento central, rede interna de telefones com central privativa, distribuição de combustível a gás com depósito próprio, reorganização dos serviços da secretaria com computadores e demais equipamento, etc.


21 FEVEREIRO 1990
Inicio do funcionamento da Extensão do Lar, especialmente destinada a utentes grandes dependentes.

16 ABRIL 1993
Inauguração do Complexo para a Terceira Idade, junto à Casa Lopes Tavares por sua Ex.ª o Ministro do Emprego e da Segurança Social, Dr. José Albino Silva Peneda.

1995-1996
Aprovado pela Câmara Municipal de Nisa e Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico (IPPAR) um Projecto de Arquitectura que engloba a cobertura do edifício da parte velha da Santa Casa – Casa Lopes Tavares; a adaptação do rés-do-chão para os Serviços Administrativos; instalações para despensas e armazenagem de produtos alimentares; transformação do antigo Centro de Dia em quartos para apoio temporário.
O projecto de especialidade já foi entregue na Câmara Municipal de Nisa para apreciação e aprovação.
Delimitação dos terrenos da Praça de Touros e vedação dos mesmos. Inauguração do Museu de Arte Sacra. Abertura do novo Centro de Dia. Arranjo, arrelvamento e arborização do Jardim com construção de uma fonte toda em granito.
Adaptação da Secretaria às novas tecnologias. Arranjo e desempanagem do antigo portão do Asilo de Nossa Senhora da Graça, que será entrada principal para o jardim.

Arranjo de Themudo Barreto


Um pouco de história...

A Fundação Lopes Tavares foi inaugurada em 1947. Posteriormente a 30 de Março de 1976 foi determinada a integração da extinta Casa de Nossa Senhora da Graça—Fundação Lopes Tavares, antigo Asilo de Nossa Senhora da Graça—Fundação Lopes Tavares com a designação “Casa Lopes Tavares” na Santa Casa da Misericórdia de Nisa. 
Foram Fundadores da primitiva Casa (Asilo da Nossa Senhora da Graça) por vontade do Srº Dr. José Joaquim Lopes Tavares, sua filha D. Palmira Fialho Ferro Lopes Tavares Lobo...